terça-feira, 24 de maio de 2011

A Real Insensibilidade, Falso Moralismo da Reforma parte 3


O problema que temos de enfrentar é saber se o conciliarismo de Constança e de Basiléia poderia haver impedido a Reforma, tornando assim desnecessária essa violenta ruptura, muito mais prejudicial do que o Grande Cisma. É um pouco como comparar a chamada Revolução Incruenta de 1688 na Inglaterra com a Revolução Francesa: se tivesse havido um 1688 na França teria sido possível evitar 1789?  A história é incapaz de responder a perguntas dessa espécie, pois o passado não é um jogo que possa ser jogado outra vez, com as peças rearrumadas ou mudadas ou mudadas no tabuleiro. O que podemos dizer é que a “reforma da cabeça e dos membros” foi um bom slogan, mas nunca muito mais do que isso. A reforma sempre esteve na agenda em todas as reuniões eclesiásticas de cúpula entre 1378 e 1514, mas pouco se conseguiu realizar. Os membros perceberam a necessidade de reformar a cabeça, assim como uma aos outros, pois na prática os membros não eram partes interdependentes  do corpo, como São Paulo havia idealizado para a igreja ( ele deixou escrito:”o corpo não é um membro ... existem muitos membros, mas apenas um corpo”), pois interesses setoriais tendiam a causar tensões: os papas com os governantes seculares, os bispos com seu clero, as ordens religiosas com as universidades. Não sou eu quem precisa ser reformado, e sim o outro.

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