terça-feira, 24 de maio de 2011

Falso Moralismo da Reforma parte 2

 idéias desse tipo haviam influenciado até mesmo os círculos jurídicos onde tinham sido desenvolvidos argumentos em apoio à reivindicação do papa de plenitudo potestais, a plenitude do poder, quase como se ele fosse a Igreja. Mas como ficariam as coisas se o papa  enlouquecesse ( coisa de que os que abandonaram Urbano Vl em 1378 suspeitaram com bastante fundamento) ou se ficasse incapacitado? Mais do que isso, e se ficasse clara a impossibilidade , mesmo com a maior boa vontade do mundo, de decidir quem era o papa? A história havia visto muitos antipapas, mas sempre fora evidente que eram apenas isso. O caso agora era diferente. Os intelectuais, especialmente os intelectuais parisienses da época, chegaram à conclusão de que somente um concílio Geral, que tivesse precedência sobre qualquer dos pretendentes a papa, seria capaz de restaurar a unidade; passaram portanto a ser conhecidos como “conciliares”, como uma ideologia coerente de “ concíliarismo”.  Mas quem poderia convocar tal concílio, senão o papa legitimo? Rompendo com todas as tradições, um Concílio   Geral foi convocado em Pisa em 1409 com base na autoridade de alguns cardeais de ambas as facções e em desafio aos dois papas rivais, que eram agora Benedito Xlll e Gregorio Xll. Pisa entretanto nada conseguiu exceto complicar o Cisma ao criar um novo papa, Alexandre V, que tanto Benedito quanto Gregório evidentemente repudiaram.  Quando o sucessor de Alexandre, João XXlll (não confundir com o papa que tomou esse nome em 1958), foi convencido a convocar o Concílio que se reuniu em Constança em 1414, os conciliares perceberam que somente soluções radicais poderiam dar certo. O Concílio promulgou um decreto, Haec Sancta, que efetivamente declarava que o todo era maior do que a soma de suas partes, inclusive a que representava a cabeça do corpo, o papa. A autoridade do Concílio derivava diretamente de Cristo, e todos, “de qualquer condição, grau ou dignidade , inclusive o papa”, tinham obrigação de obedecer a todas as medidas por ele tomadas para terminar o Cisma e reformar a Igreja “na cabeça e nos membros”. Um decreto posterior, Frequens, tinha o objetivo de basear o governo da Igreja nos Concílios, os quais deveriam ser realizados a intervalos regulares. No entanto, o futuro desse conciliarismo radical tornou-se incerto depois que o Concílio de Constança decidiu resolver o Cisma examinando programas mais amplos de reforma, livrou-se dos três papas, inclusive aquele que o convocara, João XXll, e elegeu novo papa, Martinho V, que foi reconhecido em 1431, porém logo antagonizou o papa Eugenio lV, seguindo-se um prolongado concílio. O Concílio da Basiléia durou 18 anos, mas mergulhou em confusão ao eleger seu próprio antipapa em 1439. Esses acontecimentos tiveram a infausta conseqüência da transformar o papismo eo conciliarismo em ideologias divergentes durante todo o século seguinte. Depois que a poeira assentou, o papa permaneceu sendo papa, no comendo da máquina bem azeitada da Cúria, e o Concílio se esfumou. No futuro, entretanto, os monarcas etilizariam o triunfo do concílio em seu próprio interesse, como na ocasião em que o rei de França, Luís Xll, organizou um concílio ostensivamente antipapa em Pisa, ao qual o papa Júlio ll reagiu convocando o Quinto Concílio de Latrão (1512-17). Por esse motivo o papado levou tanto tempo para reagir à reforma de Lutero. Por ocasião o Concílio de Trento em 1543, a única resposta que o Catolicismo podia oferecer  ao protestantismo era  a de definir-se  como sua imagem negativa, e não a de repara a brecha.




Collinson,Patrick,1ªSérie em português,2006,editora,ObjetivaLtda.
Tradução de S.Duarte
titulo original The Reformation 

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