O problema que temos de enfrentar é saber se o conciliarismo de Constança e de Basiléia poderia haver impedido a Reforma, tornando assim desnecessária essa violenta ruptura, muito mais prejudicial do que o Grande Cisma. É um pouco como comparar a chamada Revolução Incruenta de 1688 na Inglaterra com a Revolução Francesa: se tivesse havido um 1688 na França teria sido possível evitar 1789? A história é incapaz de responder a perguntas dessa espécie, pois o passado não é um jogo que possa ser jogado outra vez, com as peças rearrumadas ou mudadas ou mudadas no tabuleiro. O que podemos dizer é que a “reforma da cabeça e dos membros” foi um bom slogan, mas nunca muito mais do que isso. A reforma sempre esteve na agenda em todas as reuniões eclesiásticas de cúpula entre 1378 e 1514, mas pouco se conseguiu realizar. Os membros perceberam a necessidade de reformar a cabeça, assim como uma aos outros, pois na prática os membros não eram partes interdependentes do corpo, como São Paulo havia idealizado para a igreja ( ele deixou escrito:”o corpo não é um membro ... existem muitos membros, mas apenas um corpo”), pois interesses setoriais tendiam a causar tensões: os papas com os governantes seculares, os bispos com seu clero, as ordens religiosas com as universidades. Não sou eu quem precisa ser reformado, e sim o outro.
Este blog foi criado para divulgação, de estudos teológico. História da igreja (eclesiástico) e educação cristã. Enfim para o crescimento de todos aqueles, que gostam de estudar a Bíblia, e entender a sua importância no meio da sociedade em que vivemos.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Falso Moralismo da Reforma parte 2

Collinson,Patrick,1ªSérie em português,2006,editora,ObjetivaLtda.
Tradução de S.Duarte
titulo original The Reformation
Falso Moralismo da Reforma
No século XV todos falavam em “reforma” – uma espécie de equivalente a coisas corriqueiras como a “maternidade e o pão com manteiga”. Esse termo era freqüentemente encontrado na “fórmula da Igreja, de sua cabeça e seus membros” e nesse nível acreditava-se que o objetivo da reforma deveria ser todo o corpo da Igreja, porém mais especialmente as camadas elevadas. O escândalo do Grande Cisma sublinhou a necessidade de reforma profunda e crítica, pois durante toda uma geração (1378 – 1417) a obediência ficou dividida entre dois e à s vezes três papas diferentes. Durante setenta anos anteriores a essa época o papado não estivera localizado em Roma e sim em Avignon, sob influência predominante francesa. O luxo de Avignon, que os turistas que visitam o Palais dês Papes ainda podem conhecer, foi denunciado pelo poeta Petrarca e outros como “cativeiro babilônico”. O último papa de Avignon, Gregorio Xl, que era Frances, voltara a Roma convencido pelas suplicas de uma santa, Catarina de Siena, que se dirigia a ele como dulcíssimo babbo mio ( meu dulcíssimo paizinho). Roma procurou então recuperar para si o papado, mas a eleição de um italiano, Urbano Vl, sob pressão de uma multidão, provocou a contra-eleição de um Frances, Clemente Vll, que retornou a Avignon, As alianças estavam divididas segundo as fronteiras políticas da Europa. Como a França apoiava Clemente, a Inglaterra naturalmente se inclinou por Urbano, o que significa que a Escócia ficava com o Francês. A situação era cheia de inconvenientes práticos. Como poderia alguém ter certeza da validade de quaisquer julgamento e atos administrativos que decidissem a distribuição de propriedades e funções? Mas o escândalo maior era ideológico, que deixava a num a implausibilidade da reivindicação do bispo de Roma de ser o sucessor de São Pedro e vigário de Cristo na Terra. Alguns já achavam que a lógica desse impasse era que cada reino tivesse seu próprio papa. Numa série de decisões que acabaram por resolver a crise, foram feitos acordos com poderes seculares que lhes deram muitas das vantagens em termos de recursos e nomeações que Henrique Vlll da Inglaterra se arrogaria na década de 1530. Já se prenunciava o tipo de papado criado por Gregório Vll e Inocêncio lll. A longo prazo, por meio do processo quinhentista conhecido como Contra- reforma, os papas seguintes encontrariam a solução do problema criando um novo tipo de Igreja, mais separada das monarquias seculares do que havia sido o caso, enquanto os próprios pontíficies se tornavam seculares de um principado italiano de tamanho médio. (entre 1523 e 1978 não houve papas que não fossem italianos.) Em seus domínios espirituais num estado sem fronteiras e com pouco batalhões, poderiam ter a esperança de gozar de algo parecido com o mesmo poder absoluto a que aspiravam as monarquias seculares. Esse estado espiritual centralizado estava destinado a durar até o Segundo Concílio Vaticano da década de 1960, e em certos aspectos ainda convive conosco no pontificado do atual papa.
Collinson,Patrick,1ªSérie em português,2006,editora,ObjetivaLtda.
Tradução de S.Duarte
titulo original The Reformation
Collinson,Patrick,1ªSérie em português,2006,editora,ObjetivaLtda.
Tradução de S.Duarte
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segunda-feira, 16 de maio de 2011
Misticismo Especulativo
O mundo que Martinho Lutero nasceu, em 1483, estava cheio de novos fenômenos religiosos. Havia novas modas teológicas e intelectuais, entre as quais uma retomada de Santo Tomás de Aquino entre os dominicanos e uma renovação do interesse em Santo Agostinho e São Paulo, influências críticas sobre a mente do próprio Lutero. Havia novos santos redescobertos, como Maria Madalena, uma fusão de Maria, irmã de Marta e de Lazaro, com a mulher de vida fácil que lavava os pés de Jesus, e que proporcionava um modelo para a reforma que exigia arrependimento pessoal dos pecados, assim como uma forma de tratar da “questão da mulher”. Havia uma devoção nova quase nova, a Santa Ana, mãe da Virgem Maria, que era favorita entre mineiros e metalúrgicos, e a quem o jovem Lutero orou quando se viu apanhado por uma violenta tempestade: “Sant’Ana, ajuda-me! Vou fazer-me monge”, sua primeira conversão. A própria Virgem nunca havia sido tão querida, com virgens de vários lugares disputando a preferência dos peregrinos. Em Regensburg, no sudeste da Alemanha, onde uma sinagoga estava sendo demolida para dar lugar a uma igreja (o anti-semitismo nunca esteve distante), houve um acidente industrial e uma cura milagrosa operada (quem mais poderia ser?) pela Virgem. Objetos e centros de devoção como esse raramente eram planejado e construído pelo que afirmavam ser responsáveis pela Igreja. Tipicamente, surgiam de “devoções” populares, freqüentemente sem controle . Por toda parte as autoridades da Igreja se envolviam em exercícios delicados de equilíbrio. O fato de que a Igreja do final da Idade Média encampasse tantas práticas que ultrapassavam o tênue limite entre “religião” e “superstição” sugere que ela já conhecia bem o popular adágio que diz: se não és capaz de vencê-los, juntar-te a eles. Os cristãos modernos podem achar mais fácil identificar-se com a reforma em termos do intenso cristocentrismo do início do século XVl e reconhecê-lo como algo que nutria a religião do reformista Martinho Lutero. Na Inglaterra, o culto do Sagrado Nome de Jesus era popular e muitas das igrejas construídas ou restauradas nesse período estão cravejadas com o monograma emblemático da Sagrado Nome, IHS. Tanto antes quanto depois da Reforma, acreditava-se que os pregadores deveriam “pregar Cristo”. Albrecht Durer não somente retratou um Cristo pungentemente sofredor em suas séries de gravuras da Paixão em madeira, nas em mais de um auto-retrato identificou-se iconograficamente com o homem Sofredor. Assim como Cristo na cruz pronunciou as palavras de um dos Salmos mais tristes (“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”), o próprio Lutero, ao fazer conferência sobre os Salmos, convidara seus ouvintes a participarem do sofrimento de Cristo: “Assim como aconteceu com Cristo, que seja comigo”. O misticismo era constante fonte de renovação, especialmente no século XlV. Embora mais tarde Lutero suspeitasse do misticismo especulativo como uma espécie de atalho e acesso ao céu feito pelo homem.
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Praticas Religiosas
Lutero denunciou grande parte das praticas religiosas de seu tempo num crescendo cada vez mais estridente de protesto que em breve deixou intacto muito pouco da antiga igreja. Definiu a Igreja em termos grosseiramente reducionistas, simplesmente como o rebanho que prestava a atenção nos assobios do pastor:”Uma criança de sete anos sabe o que é a Igreja, isto é, piedosos crentes e carneiros que ouvem a voz do pastor”. Para Leão X, o papa que o excomungou, Lutero era um javali selvagem, que desenraizava as videiras da Igreja, cuidadosamente cultivadas. Lutero reagiu chamando o papa “homem do pecado e filho da perdição”, o “fim e resíduo de todas as idades”, o no fim de sua vida, num livro que ele de reconhece não haver “ agradado igualmente a todos, ‘O Pai mais Diabólico’”. O paradoxo é que a crítica de Lutero veio do cerne da tradição que ele denunciava. Sua consciência, sente-se fascinada pela Bíblia como Palavra de Deus, o único verdadeiro fundamento da fé da Igreja. Compreender que a reforma não era, a seus olhos, uma novidade, é o começo da sabedoria. “Reforma” era uma espécie de mantra já rodado muito antes da Reforma. “Reforma” (tradução de reformatio do latim) era uma formulação claramente diferente e bastante mais concreta à qual, não obstante, nem mesmo o séculoXVl atribuiu todo o sentido genérico que mais tarde o termo assumiria para os historiadores, No século Xl o papa Gregório presidia ao que a história conhece como reformas gregorianas, que procuravam enviar as influências corruptas da secularização sobre a Igreja, ao insistir no celibato eclesiástico, no fim da compra e venda dos serviços divinos (“simonia”) e no controle laico dos negócios da Igreja. Em 1215, outro papa reformador, Inocêncio lll, convocou em Roma o quarto dos concílios da Igreja realizados no Palácio de Latrão, o qual formulou o que se tornaria a doutrina oficial da Eucaristia e exigiu que os cristãos confessassem anualmente seus pecados, um importante marco.O papa Inocêncio também julgaram desejável uma reforma que impedisse a formação de novas ordens religiosas, e assim os frades franciscanos e dominicanos foram os últimos a ser reconhecidos, ambos expressões dos vigorosos impulsos reformistas de seus fundadores, São Francisco e São Domingos.
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quarta-feira, 11 de maio de 2011
Choques e Tremores da Reforma
Existia uma tensão entre o procedimento, a qual, projetada em uma tela mais ampla, é a tensão entre a Reforma como parte contínuo mundo da história e a Reforma como extraordinário momento histórico. Assim os cenários tanto do tempo quanto do espaço foram sujeitos a uma reconstrução radical e física, e uma série de abalos secundários seria sentida durante mais de um século. Comunidades inteiras, Igrejas e Estado participaram desse choque inicial e dos tremores subseqüentes. Outros governos promoveram uma forma diferente de Protestantismo, mais completa em seu afastamento do Catolicismo tradicional e desenvolvida nas cidades cantões do sudoeste da Alemanha e Suíça, principalmente em Genebra, onde João Calvino exercia o domínio intelectual e espiritual. Essas foram as Igrejas Reformadas, e esse título indica que reivindicavam ser “mais bem reformada”. Fiéis ao principio de cuius régio, eius religio, o principio de que o governante determina a religião de seu estado, o Platinado da Renânia, no sudeste da Alemanha, tornou-se sucessivamente evangélico, reformado, e finalmente recatolizado de forma um tanto brutal. Esse principio foi desafiado na França, onde uma minoria significativa protestante (e reformada) gozava de forte apoio político e militar, o que mergulhou o país em décadas de guerra (parcialmente) religiosa. Nos Países Baixos tudo se modificou, a religião sustentou uma revolta contra o legítimo governo da Espanha e ajudou no surgimento de um novo tipo de política, e de uma república independente. A Inglaterra, que no inicio do século XVl parece ter sido um dos países mais anticatólicos da Europa, tornou-se , na altura do século XVll, o mais violentamente anticatólico, e a ideologia quase dominante do anticatólicismo alimentou as guerras civis que dominaram todas as partes das Ilhas Britânicas na metade do século e mais tarde provocaram a Revolução sem Sangue, de onde originou aquilo que se considera ser a constituição britânica.
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quinta-feira, 5 de maio de 2011
Lutero Divisor D'águas da História
pororoca rio araguaia
Conforme outras referências s feitas de vez quando por ele à mesa do jantar, esse momento ocorreu em uma torre onde Lutero tinha seu estudo de professor na casa monástica dos cânones agostinianos, a ordem religiosa de Lutero: a chamada Turmerlebnis, ou “experiência vivida na torre”. Segundo Lutero, tratou-se efetivamente de uma experiência, e não simplesmente de um processo intelectual: “Senti-me imediatamente nascido de novo como se houvesse entrado pelos portões abertos do próprio paraíso”. Mas isso era somente o começo, e ele prosseguiu explicando que havia contado a história, “como Agostinho disse de si mesmo”, para que não se acreditasse que ele “de repente tivesse se tornado supremo a partir do nada”, ou “com uma olhada às escrituras tivesse exaurido todo o espírito de seu conteúdo”.Na verdade, Lutero não vinha do nada e sim dos copiosos recursos da teologia da segunda parte do período medieval. Devemos ser ainda mais cautelosos quanto ao repentino Durchbruch ( momento decisivo) de Lutero se confederarmos o que aconteceu mais ou menos na mesma época a um inglês, o erudito de Cambridge Thomas Bilney, que provavelmente nunca tinha ouvido falar de Lutero. Ao ler, no elegante latim de uma tradução do Novo Testamento feita por Erasmo, a menção de que “Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores”, Bilney nos diz, “imediatamente senti um maravilhoso conforto e tranqüilidade, tanto que meus ossos cansados saltaram de alegria”. Esse foi o princípio da Reforma protestante em Cambridge, que liderou toda a Inglaterra e em seguida a América do Norte. O que acontece a esses católicos profundamente religiosos, criaturas da parte final da idade Média, ficou sem dúvida comprimido em suas lembranças imaginativas, transformando-se num cenário quase convencional, bíblico e agostiniano, de revelação ofuscante em forma de uma reviravolta total daquilo em que sempre haviam acreditado sem contestação. Nas palavras de Jesus, haviam realmente nascidas novamente. O historiador que deseje medir o divisor de águas que separa o mundo medieval daquilo que o avassalador e o revolucionou deve levar a sério a percepção de que aqueles que viveram esses acontecimentos experimentaram uma transformação quase total.
Bíbliografia
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Tradução de S.Duarte
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Conforme outras referências s feitas de vez quando por ele à mesa do jantar, esse momento ocorreu em uma torre onde Lutero tinha seu estudo de professor na casa monástica dos cânones agostinianos, a ordem religiosa de Lutero: a chamada Turmerlebnis, ou “experiência vivida na torre”. Segundo Lutero, tratou-se efetivamente de uma experiência, e não simplesmente de um processo intelectual: “Senti-me imediatamente nascido de novo como se houvesse entrado pelos portões abertos do próprio paraíso”. Mas isso era somente o começo, e ele prosseguiu explicando que havia contado a história, “como Agostinho disse de si mesmo”, para que não se acreditasse que ele “de repente tivesse se tornado supremo a partir do nada”, ou “com uma olhada às escrituras tivesse exaurido todo o espírito de seu conteúdo”.Na verdade, Lutero não vinha do nada e sim dos copiosos recursos da teologia da segunda parte do período medieval. Devemos ser ainda mais cautelosos quanto ao repentino Durchbruch ( momento decisivo) de Lutero se confederarmos o que aconteceu mais ou menos na mesma época a um inglês, o erudito de Cambridge Thomas Bilney, que provavelmente nunca tinha ouvido falar de Lutero. Ao ler, no elegante latim de uma tradução do Novo Testamento feita por Erasmo, a menção de que “Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores”, Bilney nos diz, “imediatamente senti um maravilhoso conforto e tranqüilidade, tanto que meus ossos cansados saltaram de alegria”. Esse foi o princípio da Reforma protestante em Cambridge, que liderou toda a Inglaterra e em seguida a América do Norte. O que acontece a esses católicos profundamente religiosos, criaturas da parte final da idade Média, ficou sem dúvida comprimido em suas lembranças imaginativas, transformando-se num cenário quase convencional, bíblico e agostiniano, de revelação ofuscante em forma de uma reviravolta total daquilo em que sempre haviam acreditado sem contestação. Nas palavras de Jesus, haviam realmente nascidas novamente. O historiador que deseje medir o divisor de águas que separa o mundo medieval daquilo que o avassalador e o revolucionou deve levar a sério a percepção de que aqueles que viveram esses acontecimentos experimentaram uma transformação quase total.
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Tradução de S.Duarte
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A Reforma Sem Lutero
Reforma sem Lutero, podemos estar razoavelmente seguros de que não teria havido Reforma. Thomas Carlyle foi mais longe, Sua história foi a história de indivíduos heróicos e ele achou que Lutero não tivesse se mantido firme na Dieta de Worms, quando se apresentou diante do Sacro Império Romano recusando-se abjurar (“Aqui fico”), não teria havido Revolução Francesa nem América. Em mais de uma ocasião Lutero narrou a história de sua própria conversão. Conhecemos a respeito de sua vida e conversão tenha ocorrido, quando tinha pouco mais de trinta anos e era professor de teologia em uma das novas universidades alemãs. Sabemos que a experiência surgiu de uma dedicação forte à teologia de Paulo para com os romanos: o problema bastante técnico, porém para Lutero absolutamente existencial, de como a Justitia Dei, isto é, a disposição punitiva de Deus, deveria ser satisfeita. Lutero sabia que cristo já havia feito a redenção, como sempre afirmaram os cristãos, “dos pecados de todo o mundo”. Porém de que forma essa redenção deveria ser aplicada individualmente a cada crente cristão? Lutero descobriu que isso somente podia ocorrer por meio da fé no sacrifício de Cristo. A luta moral humana era na verdade contraprudente, fazendo com que a alma se voltasse cada vez mais para si. Isso equivalia a dizer que Deus, que é misericordioso, nos torna virtuosos por meio de uma fé que o próprio Deus faz brotar em nós, Isso foi considerado semelhante a uma revolução de Corpénio no pensamento a respeito de Deus. Deus, e não o homem, é o centro e o principal motor de todas as coisas, inclusive a salvação humana. Teologicamente, isso jamais esteve em dúvida. Na prática, porém, o sistema do Cristianismo medieval dava realce ao esforço moral, na verdade uma jornada em direção a um Deus que, segundo afirma Lutero, estava procurando chegar até nós.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
No fluxo da história religiosa
No fluxo da história religiosa sempre esteve marcado, pelos episódios e experiências especificas de conversão. Esse fator ao menos superficialmente repetitivo ocorre ao longo de toda a história do Cristianismo. A conversão de santo Agostinho, graças a suas confissões, tornou-se um paradigma consciente ou inconsciente, imitado ou repetido, Francisco de Assis renunciou a todos bens terrenos e às próprias roupas que possuía a fim de reinventar a vida apostólica. Inácio de Loyola, militar que recuperava de ferimentos, converte-se ao ler o livros religiosos ( pois não havia outra coisa para ler) e isso foi seguido por uma série de experiências religiosas intensas das quais nasceu a Sociedade de Jesus. O que teria acontecido se ele tivesse sido morto naquela batalha, ou tivesse encontrado alguns romances para ler? O coração de John Wesley “foi estranhamente aquecido” no dia 24 de maio de 1738 ( os momentos de conversão devem ser assim precisos) ao ouvir o Prefácio de Martinho Lutero à Epístola de São Paulo aos Romanos lida numa capela na rua Aldersgate em Londres. A conseqüência desse protestante conhecido como Metodista. Sem o Metodismo, Élie Halévy imaginou que teria acontecido uma Reforma Inglesa segundo o exemplo de 1789. Em vez disso, a Inglaterra teve uma revolução religiosa que produziu a auto-ajuda, os sindicatos de ofícios e uma política popular não revolucionária, porém resistente. Quem tentar escrever a história da reforma naturalmente tem que tratar desse mesmo Lutero da Reforma.
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Tradução de S.Duarte
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REFORMA MAS QUE REFORMA? parte 2
Nenhuma das Igrejas orientais passou por experiência semelhante à Reforma e à Contra-Reforma reacionária, embora o cisma dos antigos Crentes na Russia (de 1667 até os dias de hoje ) possa ser a exceção que confirma esta regra. No entanto, em todas essas manifestações de fé cristã, tal como, na verdade, na religião de forma mais geral e global – encontramos os princípios eternos de renovação e conversão. O batismo cristão dos recém – nascidos, que tem sido efetivamente compulsório em toda parte em que essa religião permaneceu pública e politicamente estabelecida, pode dar a idéia de que as pessoas já nascem participando em sua originalidade única, e cada criança, por meio de patrocinadores ou “padrinhos”, têm de renunciar ao demônio e todas as suas obras, voltando-se pessoalmente para Cristo. Na Etiópia celebra-se uma cerimônia anual na qual o tabot, que reproduz a Arca da Aliança judaica, contendo as pedras do altar, é transportado com muito respeito de cada igreja até o curso d’água mais próximo, onde as pessoas mergulham a fim de renovar sue batismo. Essa ocasião é conhecida como Maskal ( que significa a Cruz), quando a primavera explode na Etiópia após as chuvas abundantes, cheia de margaridas amarelas chamadas de maskal. Quando uma criança é batizada nas Igrejas anglicanas de hoje, costuma-se convidar toda a congregação a repetir e renovar seus próprios votos batismais. Coisa idêntica também pode acontecer no festival de primavera da Páscoa, igualmente época de renovação. Nesses exemplos, princípio da renovação fica “rotinizado”, para usar um feio termo sociológico. O que deveria ser um acontecimento se transforma em costume automático.
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Tradução de S.Duarte
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REFORMA MAA QUE REFORMA?
Do ocidente cristão, isto é, da cristandade ocidental, quase equivalente ao que iria tornar-se a “Europa”, a Europa da União européia antes da ampliação, mas sem a Grécia. A Igreja Ocidental fosse ou mão obediente ao autodesignado sucessor de São Pedro, o bispo de Roma, nunca deu muita atenção à cristandade oriental, da qual se afastou há um milênio. A questão de saber se os cristãos ocidentais tem motivos para considerar-se importantes como sempre imaginaram, inclusive ao atribuir uma espécie de significado cósmico a alguns acontecimentos de sua história nos séculos XVl e XVll, é um dos problemas que transparecem no fundo da reforma protestante. Em comparação com o ocidental, o Cristianismo oriental não é monolítico e sim um conjunto de Igrejas, Além daquelas que reivindicam o título de “Ortodoxa” e reconhecem o primado honorário do patriarca de Constantinopla como “ecumênico” existiram e ainda existem outras antigas Igrejas definidas tanto por etnia quanto por velhas divergências dogmáticas quase esquecidas mas aparentemente intransponíveis. Entre estas a Igreja da Armênia, cujo rei abraçou o Cristianismo transformando-o em religião oficial de seus domínios de século lV, pouco antes que Teodósio fizesse o mesmo no Império Romano.(nota: Constantino deu liberdade de culto em 321, em todo o reino para os cristãos e Teodósio patenteou em 482 como religião oficial de todos seus domínios no século lV). Pouco antes que Teodósio fizesse o mesmo no Império Romano. Outra é a Igreja Copta do Egito, que, após o Concílio da Calcedônia (451 d.c.), tornou seu próprio rumo doutrinário e definiu a “Ortodoxia” afirmando que Cristo possuía somente uma natureza (“monofisitismo”) e não as duas dos ortodoxos, divergência que já dura 1.500 anos. Sua derivada Igreja da Etiópia, que desde 1959, passou a chamar-se Igreja Ortodoxa Etíope, é mais uma, embora até 1959 seu único bispo pertencesse ao patriarcado copta em Alexandria. Inseparavelmente identificada com a nação etíope, seus cultos são conduzidos na linguagem original nacional daquele país, e conserva muitas características judaicas que provavelmente são resquícios fósseis de antigas práticas cristãs, tais como a observância do sábado judaico e abstenção das carnes proibidas pelo Velho Testamento.
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