sábado, 23 de abril de 2011

HOMOGENEIDADE DE CRENÇAS


Nesse mundo, havia uma certa homogeneidade de crenças, de representações e de verdades, Pululavam os mitos e abundavam os ritos.  Mitos e ritos se completavam de forma harmônica e convincente. Em relação à morte, por exemplo, a crença na vida eterna confortava os vivos. Os ritos transformavam a morte em um acontecimento social. Rito de bater os sinos para avisar a vizinhança, rito de como colocar o corpo em casa, de como velar, de como lamentar, como levar o corpo para a Igreja, ritos funeral, do enterro. Das missas, etc. O mito e o rito, sem sombra de duvida ajudavam os parentes a enfrentarem os problemas da separação, da dor e do sofrimento de perder um ente querido. Nesta obra, ao mesmo tempo que procuramos abordar aspectos da historia da Cristandade, procuramos também resgatar uma espiritualidade que nos faz falta, sem contudo cair numa visão ingênua de que passado foi melhor.

Estas últimas postagens desde, Palavras de Lutero até MITOS E RITOS, como considerações finais, foram tiradas do livro: No Tempo das Reformas.
Bibliografia
Mocellin, Renato, No Tempo das Reformas, 2ª edição 2003, Ed: Nova Didática.
Fotos: Google

A CULTURA E AS REFORMAS PARTE 4


Adotando técnicas de comédia em palco – Histriônica - , improvisava um figurino para dançar, cantar e imitar, quer no altar, quer nas ruas, com o objetivo de chamar a atenção do povo que desejava reconduzir à fé.  Esse sacerdote capaz de transformar-se em palhaço em nome de sua dedicação à causa católica provavelmente não provocasse impacto humorístico em nossa geração, pois sua inspiração era a sociedade italiana medieval. Era a esta que se destinava seu trabalho.  Daí buscar atraí-la pelo estilo em voga no teatro popular de época,a Commedia dell’arte. Buscava-se o impacto popular. Os Barnabitas (eclesiásticos regulares de São Paulo) apareceram em Milão carregando cruzes, com cordas em volta do pescoço, jejuando e dando mostras de santidade, em meio a emotivas pregações. Os eremitas franciscanos causaram impacto, graças ao traje e à simplicidade de vida. Descalços, vestidos com tecidos grosseiros, com um hábito, os homens dos capuzes (em iteliano l  Cappuccini = os capuchinhos) obtinham grande popularidade, onde quer que pregassem.

A CULTURA E AS REFORMAS PARTE 3


mesmo peças com temas bíblicos. Já Lutero encarava as tradições populares com relativa simpatia, pois achava que as pessoas deveriam ter mais divertimentos. Os seus seguidores não pensavam da mesma forma e vários festejos populares foram abolidos.  No início da reforma protestante, p teatro e o carnaval foram usados para ridicularizar a Igreja Católica; com o tempo, foram sendo reprimidos. Como salientou Peter Burke, a cultura protestante era a cultura do sermão. Sermões longos, emotivos, que arrancavam dos fiéis suspiros sobre tudo lagrimas. Entre os protestantes, os leigos passavam a desempenhar um papel relevante.  As edições da Bíblia se sucediam. A necessidade de lê-la, pois a Sagrada Escritura constituía-se na única fonte de fé, fez com que artesões e camponeses fossem alfabetizados pelos protestantes, o número de pessoas analfabetas, apesar de ainda ser grande, era menor do que nas regiões predominantes católicas.   Lutero, apenas de ter proibido as imagens e reduzido o ritual, deu grande ênfase à música, por isso escreveu muitos hinos.  Ele e seus seguidores procuravam adaptar seus hinos às canções populares. Mas tarde, a música religiosa de Johann Sebastan Bach (1685-1750) teve suas raízes na cultura popular tradicional. Em Florença, Savanarola “cartnavalizou” seus ataques às coisas mundanas, ao carnaval e aos pecados, queimando-as em grandes e concorridas fogueiras. Carlos Barromeu proibiu as peças teatrais, porém organizou procissões, com efeitos de luz e som; na Ásia e na África, os missionários, especialmente os jesuítas, empregavam o teatro e as imagens para converterem os pagãos. Em Roma, Filipe de Néri (1515-1595) soube associar a sua cultura erudita a elementos da cultura popular, obtendo ótimo resultados.  É possível que ele tenha sido um dos maiores responsáveis por reaproximar a Igreja Católica dos fiéis.

A CULTURA E AS REFORMAS PARTE 2


O carnaval não era apenas uma festa de sexo, mas também uma festa de agressão, profanação. De fato, talvez seja de se pensar no sexo como meio termo entre a comida e a violência. A violência, como o sexo, era mais ou menos sublimada em ritual. Nessa ocasião a agressão verbal era permitida; os mascarados podiam insultar os indivíduos e criticar as autoridades. Era a  hora de denunciar o vizinho como cornudo ou saco de pancada de sua mulher”.
                                                                 (BURKE,1995, p. 210-211)
Em suma, o carnaval se constituía numa oportunidade de se concretizarem fantasias reprimidas durante o ano. Era uma época de violência, com roubos, brigas e muitos assassinatos. É evidente que o carnaval não era só isso, pois existiam muitas brincadeiras inocentes e lúdicas, como os carros alegóricos, as pessoas fantasiadas, disputas em ringues, corridas de cavalos, corridas a pé, brincava-se de cabo-de-guerra, realizavam-se “guerras” de ovos e multidões se “divertiam” apedrejando cães e galos.  A partir do século XVl, tanto católicos como protestantes procuraram combater os excessos, daquilo que hoje chamamos de “cultura popular”.
É verdade que o combate à cultura popular variou no espaça e no tempo, bem como não havia concordância de como e o que combater entre católicos e protestantes. Porém, é possível afirmamos que luteranos, calvinistas, anglicanos, católicos, etc..., procuraram reprimir ou então purificar certas práticas populares. Para isso utilizou-se tanto da repressão quanto da persuasão. Nesse aspecto, os protestantes, especialmente os calvinistas, foram bem mais repressivos. Foram proibidos os jogos, os cantos, a leitura de romances, as fogueiras, as festas e até